sábado, 12 de fevereiro de 2011

A mim sempre me disseram que a poesia é o alimento do amor.

"O respeito que as suas valiosas qualidades lhe inspiravam, embora a princípio admi­tido com relutância, já há longo tempo cessara de ser repugnan­te para os seus sentimentos. Agora se transformava num sen­timento mais cordial, graças aos testemunhos tão altamente a seu favor, e à impressão favorável que Darcy lhe produzira na véspera. Mas, acima de tudo, acima do respeito e da estima, encontrava em si mesma um motivo de boa vontade que seria impossível desprezar: era a gratidão. Gratidão não somente por­que ele a amara, mas porque ainda a amava bastante para es­quecer toda a acrimônia e petulância com que ela o rejeitara e todas as acusações injustas com que acompanhara essa rejeição. Estivera persuadida de que Darcy a evitaria como a maior ini­miga. E, no entanto, durante aquele encontro acidental mostra­ra-se ansioso por restabelecer as relações, sem qualquer exibi­ção indelicada de sentimentos ou qualquer excentricidade de ma­neiras, no seu modo de tratá-la a sós. Procurava também a boa opinião dos amigos de Elizabeth e insistira para apresentá-la à irmã. Tal mudança num homem tão orgulhoso produzia não so­mente espanto, mas gratidão. Pois só podia ser atribuída ao amor, e um amor ardente. E a impressão que sobre ela esse amor produzia não era de modo algum desagradável, embora não pudesse ser exatamente definível. Ela o respeitava e esti­mava; era-lhe grata, sentia um interesse real pelo seu bem-estar. E queria apenas saber até que ponto ela desejava que aquele bem-estar dependesse dela, e, para a felicidade de ambos, até que ponto deveria empregar o poder que imaginava ainda possuir de fazer com que ele renovasse as atenções. "

(Jane Austen In: Orgulho e Preconceito)