quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A minha visão é clara, mas detenho-a em poucos objetos; a sensibilidade, delicada e maleável.


O que habitualmente chamamos amigos e amizades não são senão conhecimentos e familiaridades contraídos quer por alguma circunstância fortuita quer por um qualquer interesse, por meio dos quais as nossas almas se mantêm em contacto. Na amizade de que falo, as almas mesclam-se e fundem-se uma na outra em união tão absoluta que elas apagam a sutura que as juntou, de sorte a não mais a encontrarem. Se me intimam a dizer porque o amava, sinto que só o posso exprimir respondendo: Porque era ele; porque era eu.
 
Michel de Montaigne   In: 'Ensaios'